O conceito mais simples de método pode ser entendido como o caminho para alcançar um objetivo. Nesse sentido, Libâneo (2006) define os métodos de ensino como as ações do professor que organizam as atividades de ensino, bem como as dos alunos, com o propósito de atingir os objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Ele ressalta que o docente pode utilizar diversos métodos de ensino, considerando que todos são válidos, desde que atendam ao propósito do objetivo educacional. Para Libâneo, "não há método único de ensino, mas uma variedade de métodos cuja escolha depende dos conteúdos da disciplina, das situações didáticas específicas e das características socioculturais e de desenvolvimento mental dos alunos" (Libâneo, p. 152, 2006).
Complementando essa visão, Moran (2017) destaca o papel das tecnologias digitais como ferramentas que o professor pode e deve utilizar para tornar as aulas mais dinâmicas e envolventes. Essas tecnologias promovem a participação e a interação dos alunos nas atividades propostas. Nesse contexto, o professor assume a função de mediador do processo pedagógico, reconhecendo a importância dos saberes prévios que os alunos trazem consigo, os quais enriquecem as práticas educacionais e contribuem para o aprendizado significativo.
Confira abaixo 10 metodologias que podem ser utilizadas em sala de aula para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem:
1. Aula Expositiva: trata-se uma exposição verbal, cujas principais características são: os conhecimentos, habilidades e tarefas que são apresentadas, explicadas ou demonstradas pelo professor. Neste cenário, cabe ao aluno receber o que está sendo exposto, passivamente ou não. Entretanto, o autor alerta sobre alguns erros recorrentes dessa prática, como: a forma mecânica que o aluno aprende por meio da memorização que não tem garantia de compreensão do assunto, a exigência do silêncio com ameaças e intimidações, “transformando a aula num desprazer para o aluno”. (Libâneo, p. 161, 2006).
2. Trabalho Independente: consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. O aspecto mais importante deste método é a atividade mental dos alunos, qualquer que seja a modalidade de tarefa planejada pelo professor para estudo individual. (Libâneo, p. 163, 2006).
3.Trabalho em Grupo: consiste em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, composto de 3 a 5 alunos. Este tem um caráter transitório, isto é, deve ser empregado eventualmente, conjugado com outros métodos de exposição e de trabalho independente. (Libâneo, p. 170, 2006).
4.Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL): é uma abordagem educacional que utiliza um problema prático como ponto de partida para a aquisição de conhecimentos relevantes. Nesse método, os alunos trabalham em pequenos grupos, orientados por um tutor/professor, para solucionar os desafios apresentados. Essa técnica promove o aprendizado autodirigido, incentivando o desenvolvimento do pensamento crítico e preparando os estudantes para se tornarem eficazes na resolução de problemas.
5.
Instrução Por Pares: termo oriundo do
inglês “Peer Instruction”, é uma estratégia de ensino baseada no estudo prévio
de materiais disponibilizados pelo professor e apresentação de questões
conceituais, em sala de aula, para os alunos discutirem entre si. O método está
ancorado na Teoria da Educação de Gowin, que faz com que os alunos interajam
entre si ao longo das aulas, se envolvam ativamente os alunos na sua própria
aprendizagem e assim, promove o engajamento interativo em sala de aula focado
no diálogo. Assim sendo, os estudos sobre esta abordagem teórica- metodológica
é uma oportunidade excelente de aplicação em sala de aula para se obter
resultados positivos na prática educativa.
6. Maker: em sua tradução literal para o português significa criador, fazedor ou construtor. Os Makers são associados à cultura do “Do it Your Self” ou “Faça você mesmo”, ao desenvolvimento de habilidades motivadas economicamente para reaproveitar, reciclar e reparar produtos ou ainda a qualquer coisa projetada, modificada ou fabricada pela própria pessoa.
O Maker não está ligado de forma direta com a educação formal, mas está sendo utilizado como sinônimo da abordagem pedagógica mão na massa pela grande maioria de pessoas que se propõe a explicar seu significado assim como descrevem suas raízes e conexões teóricas à pesquisas anteriores em educação realizadas por educadores e pensadores que se dedicaram em relacionar o desenvolvimento de experiências educacionais lúdicas, tangíveis e sociais onde a produção de artefatos e a participação mais ativa dos estudantes facilitam o desenvolvimento de habilidades com sentido aos envolvidos preparando-os para futuras responsabilidades.
7. Design Thinking: é uma abordagem metodológica e interdisciplinar. Trabalhar todas as disciplinas juntas. É uma forma de pensar e solucionar problemas através da empatia, da colaboração, da prototipação de ideias e da experimentação.
8. Gamificação: o termo gamificação vem do idioma inglês – gamification – que é a prática de aplicar mecânica de jogos em diversas áreas como negócios, saúde, e vida social. Busarello (2016) define Gamificação como um sistema utilizado para a resolução de problemas através da elevação e manutenção dos níveis de engajamento por meio de estímulos à motivação intrínseca do indivíduo. A utilização desta estratégia no contexto educacional pode tornar o processo de aprendizagem mais atraente e motivador.
9. Sala de Aula Invertida: O termo Sala de Aula Invertida é tradução usada de uma série de expressões em inglês, tais como inverted classroom; flipped classroom; flipped teaching ou flip teaching; reverse teaching; flipping the classroom ou flip the classroom. No Brasil, pesquisadores deste método optaram pela utilização da expressão flipped classroom (Guimarães, 2021).
A Sala de Aula Invertida é uma perspectiva metodológica na qual o/a estudante aprende por meio da articulação entre espaços e tempos on-line - síncronos e assíncronos - e presenciais. Desta forma, integra, juntamente com outras práticas pedagógicas, o chamado Ensino Híbrido (Junior, 2020)
10. Storytelling: é a capacidade de contar histórias de maneira relevante, onde os recursos audiovisuais são utilizados juntamente com as palavras. É um método que promove o seu negócio sem que haja a necessidade de fazer uma venda direta. Em outras palavras, o storytelling tem um caráter muito mais persuasivo do que invasivo (Rez, 2017).
Cada uma dessas abordagens proporciona diversas oportunidades de engajamento, estimulando a participação ativa dos alunos e a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos, enquanto respeita as características e necessidades individuais de cada estudante. É importante lembrar que o professor pode e deve recorrer a diferentes métodos, sempre que necessário, para alcançar os objetivos educacionais de forma eficiente e significativa.
Referências
ARAÚJO, Ives S.; MAZUR, Eric. Instrução Pelos Colegas e Ensino sob Medida: Uma Proposta para o Engajamento dos Alunos no Processo de Ensino-Aprendizagem de Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 30, n. 2, p.362-384, 2013. Disponível em: https://mazur.harvard.edu/files/mazur/files/rep_707.pdf. Acesso em: 29 jul. 2023.
BUSARELLO, Raul Inácio. Gamification: princípios e estratégias. São Paulo: Pimenta Cultural, 2016. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4455428/mod_resource/content/1/Gamification.pdf
GAVASSA, Regina Célia Fortuna Broti. Educação maker: muito mais que papel e cola. Tecnologias, Sociedade e Conhecimento, Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 33–48, 2020.
Guia Didático do Design Thinking: Uma Metodologia Ativa Para Estimular a Criatividade, a Inovação e o Empreendedorismo em Sala de Aula. RS. 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/572344/2/Guia%20Did%c3%a1tico%20do%20Design%20Thinking%20_%20uma%20metodologia%20ativa%20para%20estimular%20a%20criatividade%2c%20a%20inova%c3%a7%c3%a3o%20e%20o%20empreendedorismo%20em%20sala%20de%20aula..pdf
GUIMARÃES, L. P. S. Da sala de aula tradicional à sala de aula invertida: estratégias para a educação na era digital. Open Minds International Journal. São Paulo, vol. 2, n. 2: p. 5-18, Maio, Jun, Jul, Ago/2021. Disponível em: https://openminds.emnuvens.com.br/openminds/article/view/131/93
JUNIOR, Carlos, R. S. Sala de aula invertida: por onde começar? Pró-Reitoria de Ensino/ Diretoria de Educação a Distância, IFGO, Goiás, 2020. Disponível: https://ifg.edu.br/attachments/article/19169/Sala%20de%20aula%20invertida_%20por%20onde%20come%C3%A7ar%20(21-12-2020).pdf
LIBÂNEO, J.C. Didática. Ed: Cortez, São Paulo, 2006.
METODOLOGIAS ATIVAS UNISUL. Entrevista José Moran - Metodologias Ativas. YouTube, 7 de março de 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=O4icT4Z8m6Q.
REZ, Rafael. O que é storytelling? Revista Nova Escola. 2017. Disponível em: https://novaescolademarketing.com.br/o-que-e-storytelling/