A FORMIGA
As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenina
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina
A gota d'água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar
O bico de pão, o corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados,
Ovelhinhas pelo monte.
AS BORBOLETAS
Vinicius de Moraes
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então...
Oh, que escuridão!
Biografia de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um
poeta e compositor brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em parceria
com Antônio Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira. Foi também
diplomata e dramaturgo.
Vinicius de Moraes (1913-1980) nasceu no
Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e
poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz. Desde cedo, já
mostrava interesse por poesia. Ingressou no colégio jesuíta, Santo Inácio, onde
fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja, onde desenvolveu
suas habilidades musicais. Em 1929, iniciou o curso de Direito da Faculdade
Nacional do Rio de Janeiro.
Em 1933, ano de sua formatura, publica
"O Caminho Para a Distância". Não exerceu a advocacia. Trabalhou como
censor cinematográfico, até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e foi
para Londres. Estudou inglês e literatura na Universidade de Oxford. Trabalhou
na BBC londrina até 1939.
Várias experiências conjugais marcaram a
vida de Vinicius, casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Suas esposas foram
Beatriz Azevedo, Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nellita
de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última, Gilda
Matoso.
Em 1943 é aprovado no concurso para
Diplomata. Vai para os Estados Unidos, onde assume o posto de vice-cônsul em
Los Angeles. Escreve o livro "Cinco Elegias". Serviu sucessivamente
em Paris, em 1953, em Montevidéu, e novamente em Paris, em 1963. Volta para o
Brasil em 1964. É aposentado compulsoriamente em 1968, pelo Ato Institucional
Número Cinco.
De volta ao Brasil, dedica-se à poesia e à
música popular brasileira. Fez parcerias musicais com Toquinho, Tom Jobim,
Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Carlos Lyra e Chico Buarque. Entre
suas músicas destacam-se: "Garota de Ipanema", "Gente
Humilde", "Aquarela", "A Casa", "Arrastão",
"A Rosa de Hiroshima", "Berimbau", "A Tonga da Mironga
do Kaburetê", "Canto de Ossanha", "Insensatez",
"Eu Sei Que Vou Te Amar" e "Chega de Saudade".
Compôs a trilha sonora do filme Orfeu
Negro, que foi premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 1961, compõe Rancho das Flores, baseado
no tema Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach. Com Edu Lobo,
ganha o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira, com a música
"Arrastão".
A parceria com o músico Toquinho foi
considerada a mais produtiva. Rendeu músicas importantes como "Aquarela",
"A Casa", "As Cores de Abril", "Testamento",
"Maria Vai com as Outras", "Morena Flor", "A Rosa
Desfolhada", "Para Viver Um Grande Amor" e "Regra
Três".
É preciso destacar também sua participação
em shows e gravações com cantores e compositores importantes como Chico Buarque
de Hollanda, Elis Regina, Dorival Caymmi, Maria Creuza, Miúcha e Maria
Bethânia. O Álbum Arca de Noé foi lançado em 1980 e teve vários intérpretes,
cantando músicas de cunho infantil. Esse Álbum originou um especial para a televisão.
A produção poética de Vinícius passou por
duas fases. A primeira é carregada de misticismo e profundamente cristã, como
expressa em "O Caminho para a Distância" e em "Forma e
Exegese". A segunda fase vai ao encontro do cotidiano, e nela se ressalta
a figura feminina e o amor, como em "Ariana, A Mulher".
Vinícius também se inclina para os grandes
temas sociais do seu tempo. O carro chefe é "A Rosa de Hiroshima". A
parábola "O Operário em Construção" alinha-se entre os maiores poemas
de denúncia da literatura nacional: Pensem na crianças/Mudas telepáticas/Pensem
nas mulheres/Rotas alteradas/Pensem nas feridas /Como rosas cálidas.
Marcus Vinícius de Mello Moraes morreu no Rio de Janeiro, no dia
09 de julho de 1980, devido a problemas decorrentes de isquemia cerebral.
Obra de Vinícius de Moraes
O Caminho Para a Distância, poesia, 1933
Forma e Exegese, poesia, 1936
Novos Poemas, poesia, 1938
Cinco Elegias, poesia, 1943
Poemas, Sonetos e Baladas, poesia, 1946
Pátria Minha, poesia, 1949
Orfeu da Conceição, teatro, em versos, 1954
Livro de Sonetos, poesia, 1956
Pobre Menina Rica, teatro, comédia musicada, 1962
O Mergulhador, poesia, 1965
Cordélia e O Peregrino, tearo, em versos, 1965
A Arca de Noé, poesia, 1970
Chacina de Barros Filho, teatro, drama
O Dever e o Haver
Para Uma Menina com uma Flor, poesia
Para Viver um Grande Amor, poesia
Ariana, a Mulher, poesia
Antologia Poética
Novos Poemas II
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